O anonimato alheio. O encontro de vidas vividas por outras cruzadas com a própria vida, mesmo que seja um cruzamento opaco, triste e de mão nos queixos. É quando observamos um olhar perdido mirando além da paisagem que se vê através de janelas. Paisagens que se movimentam e, mesmo assim, não tiram o foco do sofrimento de quem enxerga além da paisagem.
Também a há a situação de esbarrarmos nossa aura com a de terceiros em passos indiferentes em lugares aleatórios. Passos esses que guiam uma vida, mas nunca mais que isso. E todas com um ar de individualismo, de que não notam outras vidas e, se notam, notam apenas a carne que as revestem. É tudo passageiro.
Teriam parado pra pensar, ou melhor, teriam pensado enquando andam em direção ao destino (conhecido apenas por quem quer chegar nesse destino, e a ele foi atribuido) que é possível haver mais vidas como elas? Não iguais, porque isso é impossível, mas com a mesma essência que é a de ser uma vida? Que roupas, comidas, trabalhos, famílias e amores diversos e inimagináveis existem paralelamente a sua vida, que não é mais especial que outra pois vive assim como qualquer vida vive?
Sim, toda vida tem sua própria vida, que é vista como particular e que nenhuma outra vida tem nada a ver com isso. E assim forma-se a camada de gelo expresso ao redor da vida de hoje.
Como é possível haverem mais vidas que vivem assim como a vida única de cada ser? Será que uma vida consegue imaginar como é viver a vida de outro? Como imaginar algo que nunca foi visto? Nunca foi... vivido?
O mais engraçado e triste ao mesmo tempo é quando uma vida se identifica com outra sem ter ao menos conhecido-a. É tudo muito louco. E melancólico. Aliás esse estilo todo de se viver e reparar nas vidas alheias é muito alternativo. É ter encontrado uma alma humilde e cheia de alegria, ou ardor carnal que atinge uma linha sublime de inocência e logo vibra na mesma frequência do que se é identificável. Do que nos parece próximos pois nos entendem. Ou pelo menos nós as entendemos.
E o adeus, o inevitável adeus, vivido por todas as vidas quase todo dia. É muito triste. Ou para os mais insensíveis, é apenas mais um adeus. Para os que não reparam na beleza que é viver e de se ter uma companhia nessa jornada.
Agora, para os que se apegam... É como parir e ter que doar seu filho. Já faz parte de você. Já faz parte da vida. Mesmo que anônima, que mais uma, é mais uma vida que está na sua vida, ela contribuiu para escrever a linha do exato momento em que o encontro de duas dinvidades se encontraram. Mesmo que inconscientes. Mesmo que sem querer.
Pior que o adeus é a indiferença. Pronto, daí o mundo já não tem mais sentido. Sua vida fica feia, fica bamba. É que a vida dos sensíveis é fraca, precisa se agarrar nas outras, por que não, nas insensíveis, para continuar. E depois cair novamente.
Adeuses e tropeços são inevtáveis nessa fascinante e solitária vida, onde todos parecem estar mais ocuapados e com mais problemas que você, mais sofridas. Ou vice-versa. É, é o que normalmente acontece, achamos que ninguém consegue imaginar como é a sua vida e sente que deveria expô-la para todos. Por que não registrar sua vida em vídeos e lançar uma série com elas? Faria muito sucesso não? Não sei a sua, mas a minha faria.
Agora deixe-me viver a minha e volte a caminhar para onde ia. Nosso tempo acabou.
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