Pesquisar este blog

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Esperança Polinizadora

Enfim, te reencontro, desconhecido.
Ainda sem forma definida, teu rosto me guia até o brilho que há tempos não me cega. Ceguei.
Já não enxergo com os olhos, sinto apenas a confusão de ilusões do amanhã, turvas refrações do diamante torto de meus ventrículos. Está implorando para ser lapidado, suplicando para ser roubado, mesmo que eu pense, nem que por alguns instantes, em doá-lo. Talvez troque por um guia, alguém que me leve para além dessa escuridão psicodélica, céu estrelado de borboletas multicoloridas.
Que me tire daqui, socorro. É tudo tão lindo, tão verde... Mas apenas verde. O verde que me desregula, faz com que eu me perca de mim. É só um verde e, justamente por isso, me derruba. A queda pode ser maravilhosa, pode ser a perfeição que me falta. A queda pode ser o retorno ao abismo. Mas, enquanto fico no verde, aqui, no topo, eu não enxergo o fundo do vale.
A queda, a cegueira, o abismo... Me assustam. Me assustam mesmo estando entre monarcas surrealistas. Sou praticamente um rei entre suas inúmeras asas vivas, suas asas verdes... Um rei que ainda precisa de sua coroa e vira pedra a cada passo incerto, perdendo o que tem medo de perder.
Talvez... Apenas talvez... Eu devesse governar sem a jóia que me falta e viver com a certeza que preciso para decidir qual é a próxima porta que devo abrir. Talvez eu devesse largar esse frajuto gênio da pequena janela luminosa em minhas mãos e resgatar no meu interior as respostas que lá sempre estiveram. Talvez eu devesse retornar à inocência dentro de mim mesmo e esquecer que, além do abismo, da queda e da cegueira, existe todo um reino a ser contruído. E esse reino, disso eu tenho certeza, o rei sou eu.
Ah, seu rosto difuso... 

domingo, 16 de agosto de 2015

Solidão

Acabei de descobrir a essência de um problema em mim: eu tenho uma enorme dificuldade em ir atrás. Eu não sei até que ponto isso é normal e morro de medo de acabar me isolando cada vez mais do mundo por conta disso. Mas a verdade é essa.

Lembro de pessoas, até bate saudades... Mas não faço nada além de lembrar. Em momentos de carência, acabo até indo atrás de gente nova, pessoas que nem conheço, estranhos em cantos distindos do planeta... E só.

Também sinto que ninguém vem atrás de mim. Quando alguém resolve mandar uma mensagem, não dura muito... Fora os que só ressurgem por interesse, seja profissional ou amoroso (não que eu nunca tenha feito isso, mas não sinto falta desse tipo de coisa, acho que ninguém sente).

Não sei como melhorar isso, parece que careço de interesse: que nem sou interessante e que nem me interesso pelas coisas. Não vou atrás de nada. Não me informo, tenho dificuldade em sentir vontade de me conectar, me é muito desgastante. Passo quase todo dia em casa, trabalhando, achando que um dia, quando resolver passear, alguém vai olhar pra mim e se interessar, vir atrás... Que algum amigo vai me ligar e perguntar por que sumi, que as pessoas irão conversar comigo sobre assuntos limitados que conheço e curto...

É como se o meu ego, carência, narcisismo, preguiça e comodidade se juntassem para formar essa barreira isolante, que me torna invisível e prescreve um triste destino solitário, na esperança de um dia ser notado e alguém clamar o quanto subestimado sou.

domingo, 9 de agosto de 2015

Cansaço...

É tudo tão incerto... Que me dá preguiça tentar imaginar como deveria ser o correto.
Eu já tentei, mas bate um cansaço, sabe? Uma vontade de apenas viver a latência propulsora do meu andar.
Às vezes parece até que não nasci para esse mundo, que a seleção natural esqueceu-se de mim e me largou cheio de fraquezas, bloqueios mentais e até celestiais. Tudo só pior quando olho ao meu redor uma espécie bestial que me irrita. Não queria fazer parte disso, não queria ter tanto apego e senso de dever com essa fraternidade quebrada. O que o mundo precisa mesmo é de um novo começo, porque o pessimismo já me tomou por completo e não vejo mais conserto para esse estrago todo. Desgastei a minha fé, eu, que sempre fui tão espiritual... Larguei a mão e assumi minha humanidade preguiçosa, meu pecado. Talvez isso represente minha ida direta para o inferno, talvez seja a minha liberdade enquanto tento sobreviver nesse lugar onde o sentido máximo da existência é incompreendido e passa despercebido pelos olhos dos que lançam suas lanças lá das alturas, sem se preocupar onde acertam de fato.
Desculpa, não sou melhor que ninguém, mas essa burrice alheia dá raiva. A revolta é tanta que deixo de me reconhecer, passo a ser um estranho inquieto, fiel à sua preguiça. Pior que eu sei disso e mesmo assim às vezes me entrego à ilusões bestas, a ponto de esquecer o que realmente importa. Mas a verdade é verdade e está lá para todos verem e aceitarem.
O que me reconforta é a morte, ao mesmo tempo que estressa, me faz querer viver com pressa nesse vagão cheio de sonâmbulos e eu tropeço sobre meus próprios pensamentos, sem conseguir sair do lugar. É como se eu tivesse que alcançar um posto muito elevado, mas meu pecado impedisse de  me mover, me bloqueasse a ponto de viver na matéria crua, sem nenhum evento fantástico ou sublime.
O mundano tomou conta de mim e, agora, me aproximo cada vez mais do que eu tanto repudio. É como se eu soubesse o que é certo e errado, mas, mesmo assim, optasse pela calúnia, tentando ignorar as consequências.
No final, a hipocrisia ganha, afinal, eu devia falar menos e fazer mais. E pode ser até que tudo isso seja exagero de minhas profundas meditações tomadas por energias depressivas, que eu cobre demais de mim mesmo. Mas acabo ficando cansado do mesmo jeito.

domingo, 10 de maio de 2015

De Boa...

Queria viver a fantasia de meus sonhos, gozar com a plenitude que me basta o ideal imaginado.
Seria muito bom ter a liberdade, a autoridade, responsabilidade e ainda desfrutar dos momentos únicos da mais pura e bela relação com amigos, nus e despidos, livres de preocupações, problemas, perversões, pudores, poluições psíquicas, patologias pitorescas que toda a população perpetua e pluraliza pelos povos, por todo o planeta de qualquer período possível onde pessoas aplicaram suas patéticas políticas.
Já é bom saber que sozinho não estou, por mais solitário que o meu destino possa parecer. Sempre há, mesmo que virtualmente, a imagem de uma dimensão fraternal que se abre nos momentos em que a buscamos quando estamos carentes. Pode ser passageira, ou talvez uma forma de auto-enganação... Mas, às vezes, é o que mais se aproxima do que eu talvez jamais possa ter e tanto almejo. São momentos reconfortantes, verdadeiros dentro de seus limites tempo-espaciais, que me fazem sentir um pouco a outra metade que me falta. É a energia contagiante, que excita e completa o homem que sou, que posso ser.
Acredito que outros também necessitam de doses diárias desse contato, mesmo
que não percebam ou não queiram admitir. Mas, acredite, está vivo dentro de muitos, implorando para transbordar e suar por toda a extensão da pele que pede para ser tocada e liberar o calor da mais pura malícia: a amizade crua entre iguais que não conseguem enxergar ou racionalizar a alegria que os invade quando unem-se pelo simples fato de quererem se unir, longe de qualquer tipo de uniforme ou vestimenta. Não bastaria apenas ficarem juntos e curtir o verão? O que há de mal em simplesmente ser e estar? Qual é a dificuldade de ser feliz com atritos que nada significam além de atritos? E um pouco de zoeira, não é legal também de vez em quando?
Ainda quero viver a fantasia de meus sonhos, por mais incompatível que seja com relação à minha natureza tímida e introvertida, aparentemente oposta à minha exterioridade e que tanto já me roubou. Encontrarei uma amizade real, compreensiva e capaz de estabelecer e desenvolver o prazer bobo que é o naturismo ainda perverso e praticamente virgem dentro de mim.