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sábado, 14 de agosto de 2010

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- Tchau!
- Tchau, até mais! - disse o jovem, o personagem principal da história.
Estava voltando para casa depois de mais um dia de estudos.

"Mal posso esperar para chegar em casa e almoçar... Mas ah não, ainda vou ter que pegar o ônibus agora e... E depois do almoço tenho uma penca de tarefa pra fazer... Eu acho que quero dormir. Mas se eu dormir, vou perder tempo para fazer tarefas... Arg!!! Acho que vou me aposentar... Por que diabos a gente tem que..."

- Ai! Merda... - resmungou após tropeçar nele mesmo, dando uma olhadinha básica para ver se ninguém o vira em tal situação.
Depois de uns minutos de estado alpha involuntário, voltou a mergulhar em seus pensamentos:

"Aff, que cano ceboso desse ônibus! Imagina quantas mãos já não passaram nesse mesmo lugar, onde essas mão passaram antes... Melhor nem pensar, fingir que nem pensei nisso é melhor e assim continuarei me segurando de modo feliz aqui, se não eu caio no meio de uma brecada daí eu quero ver... Até aquela tiazinha ali no canto vai rir de mim... Nossa, olha a cara dela de sofrida... Ah, pelo menos seus olhos são bonitos... Mas o que faz ela ter uma cara de sofredora tão... Assim??? Aliás, por que todo mundo no ônibus sempre está de cara feia?"

E esboçou um sorriso, orgulhoso por não estar na mesma vibração dos outros e ter econtrado dentro de si mesmo uma felicidade momentânea que desejava transmitir para o resto das pessoas dentro do ônibus. Um homem que estava na sua frente, no lado oposto do ônibus, encostado na sanfona, olhou para o sorriso tímido do garoto de cara feia como quem dizia "que cara maluco, psicopata". Foi quando o herói apagou sua expressão facial e, as pressas, saiu para apertar o botão de "pare" do ônibus, batendo sua cabeça em um dos canos altos. Olhou para os lados para ver se ninguém olhava, embora de nada adiantasse essas olhadas, pois eram tão rápidas e tão vagas que nunca detectavam se alguém de fato o olhava. Era apenas para deixá-lo mais seguro, com a ilusória resposta de que sim, ninguém estava olhando porque ele não conseguiu ver alguém olhando para ele. Então desceu do ônibus.
Ao chegar em casa, se jogou na cama junto com a mochila. Ficou morto por uns 7 minutos, sofrendo deitado com a preguiça e resolveu encarar a comida que o desanimara completamente. O pior é que o desÂnimo nunca era o suficiente para deixá-lo sem fome, apenas não conseguia comer feliz a gororoba com a carne retorcida por conta de nervos e mais nervos. Quando enfim terminou de comer, foi para seu recanto: o banheiro. Com seus fones de ouvidos em cima da pia, quase estourando por conta do volume altíssimo, ele fingia que estava em um show w cantava e interpretava a música junto, enquanto escovava os dentes. Sim, enquanto escovava os dentes. E ficava muito tempo imerso dentro de suas fantasias.
Era no banheiro que havia o portal para uma dimensão paralela, a dimensão para todos os mundos criados por ele. Cada dia ele criava um novo ou visitava os já criados. É que normalmente, depois de cumprida a missão em um mundo já criado, ele era meio que abandonado. Deixava lembranças muito queridas, que gostava de relembrar. Mas o jovem simplesmente não conseguia voltar: era como se ele não amasse mais o mundo como amava ontem.
Eis que, acabado o show de entrada e a escovação de dentes, estava pronto para entrar no portal e continuar a aventura de seu último mundo criado.

"Ah, mas é que eu já terminei o que tinha que fazer lá... O felizes para sempre enche o saco depois de um tempo, preciso de uma coisa nova. Já sei, vou criar uma coisa nova..."

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