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quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Esperança Polinizadora

Enfim, te reencontro, desconhecido.
Ainda sem forma definida, teu rosto me guia até o brilho que há tempos não me cega. Ceguei.
Já não enxergo com os olhos, sinto apenas a confusão de ilusões do amanhã, turvas refrações do diamante torto de meus ventrículos. Está implorando para ser lapidado, suplicando para ser roubado, mesmo que eu pense, nem que por alguns instantes, em doá-lo. Talvez troque por um guia, alguém que me leve para além dessa escuridão psicodélica, céu estrelado de borboletas multicoloridas.
Que me tire daqui, socorro. É tudo tão lindo, tão verde... Mas apenas verde. O verde que me desregula, faz com que eu me perca de mim. É só um verde e, justamente por isso, me derruba. A queda pode ser maravilhosa, pode ser a perfeição que me falta. A queda pode ser o retorno ao abismo. Mas, enquanto fico no verde, aqui, no topo, eu não enxergo o fundo do vale.
A queda, a cegueira, o abismo... Me assustam. Me assustam mesmo estando entre monarcas surrealistas. Sou praticamente um rei entre suas inúmeras asas vivas, suas asas verdes... Um rei que ainda precisa de sua coroa e vira pedra a cada passo incerto, perdendo o que tem medo de perder.
Talvez... Apenas talvez... Eu devesse governar sem a jóia que me falta e viver com a certeza que preciso para decidir qual é a próxima porta que devo abrir. Talvez eu devesse largar esse frajuto gênio da pequena janela luminosa em minhas mãos e resgatar no meu interior as respostas que lá sempre estiveram. Talvez eu devesse retornar à inocência dentro de mim mesmo e esquecer que, além do abismo, da queda e da cegueira, existe todo um reino a ser contruído. E esse reino, disso eu tenho certeza, o rei sou eu.
Ah, seu rosto difuso... 

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